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Foto do escritorMemória e Ditadura nas escolas do DF

O genocídio indígena na ditadura militar

Atualizado: 4 de out. de 2021

O genocídio indígena ocorre no território que hoje reconhecemos como Brasil desde a invasão portuguesa em 1500. Ao longo do tempo, o genocídio indígena teve diversas formas: como os aldeamentos, os sistemas de tutela e as políticas desenvolvimentistas. Durante o período da Ditadura Militar (1964-1985) não foi diferente, as ações foram potencializadas por um momento de cessação das liberdades e da impossibilidade de denunciar.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, mais de 8.300 indígenas foram mortos durante a ditadura militar, mortes que ocorreram pela ação direta de agentes governamentais ou da sua omissão. Dentre eles, 2.650 do povo Waimiri Atroari. Localizados na parte sudeste do estado brasileiro de Roraima e o nordeste do estado brasileiro do Amazonas, os Waimiri enfrentam ataques datados de antes de 1856. Durante a ditadura, no ano de 1968, ano da instauração AI-5, teve o início da construção da BR-174 comumente chamada de “Manaus – Boa Vista”, que interliga os estados brasileiros Mato Grosso, Rondônia, Amazonas e Roraima à Venezuela.


O plano da construção era integrar a Amazônia ao restante do país. Sobre a construção da rodovia temos declarações, como a do Coronel Arruda, comandante do 6º Batalhão de Engenharia e Construção, que afirmava que a rodovia devia ser construída “custe o que custar”, “Não vamos mudar o seu traçado, que seria oneroso para o Batalhão apenas para pacificarmos primeiro os índios [...] Não vamos parar os trabalhos apenas para que a Funai complete a atração dos índios”. Afirmações como essa mostram que a posição do exército quanto à invasão e construção da rodovia era de total ataque, sem nem pensar numa outra opção que não fosse o ataque direto atravessando a TI8 (CNV, 2014: 235).


A rodovia foi concluída em partes em 1979, mas concluída completamente em 199,8 pois teve trechos adicionados pós ditadura militar. Sua construção tem data no início do ano de 1968, com sua inauguração em 1977, momento em que ainda não estava concluída, por isso entendemos esse período, do ano de 1967 até 1983, como um período de ataques, uma vez que, tanto em momentos anteriores ao início oficial, quanto após o fim da construção, as violências não cessaram (CNV, 2014: 235).

No ano de 1981, a construção da Usina Hidrelétrica de Balbina foi iniciada pelo então ditador general Figueiredo e para isso desmembrou a parte leste da TI Waimiri Atroari. A construção da usina gerou, até o início da década de 1970, a inundação de cerca de 311 km² de área que faziam parte do território Waimiri. “Todos os afluentes dos rios Uatumã e Abonari tornaram-se inabitáveis, com a putrefação da floresta submersa”, tirando qualquer possibilidade de permanecia nessas regiões (CNV, 2014: 235), (BAINES, 1994: 03).


A partir da análise do que ocorreu no Brasil, entre os anos de 1964 e 1985 podemos perceber uma estrutura feita para matar, um projeto autoritário e explícito, repleto de estratégias e ações sistemáticas que visavam assassinar e amedrontar as populações indígenas, sendo todo tempo geridas e gerenciadas pelo Estado. Ações essas que culminaram e potencializaram o genocídio contra os povos indígenas. Por meio desse texto gostaríamos de trazer a reflexão de como povos indígenas têm sido perseguidos e dizimados ao longo da história brasileira.

Referências Bibliográficas

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório. Volume II. Violações de direitos humanos dos povos indígenas. Brasília: CNV, 2014. Disponível em < http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/> Acesso em 10 nov. 2019.

BAINES, Stephen Grant. A usina hidrelétrica de balbina e o deslocamento compulsório dos Waimiri-Atroari. Série Antropológica. Brasília, 1994. Disponível em < https://acervo.socioambiental.org/sites/default/files/documents/WTD00116.pdf> Acesso em 10 mai 2020

BRASIL. 1º Relatório do Comitê Estadual da Verdade. Comitê da Verdade do Amazonas. O genocídio do povo Waimiri-Atroari. RCEV 2012. Disponível em http://www.dhnet.org.br/verdade/resistencia/a_pdf/r_cv_am_waimiri_atroari.pdf > Acesso em 05 mar. 2020.




Nathanael Martins Pereira, estudante de História

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