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  • Foto do escritorMemória e Ditadura nas escolas do DF

17 de setembro de 1971 - Morte de Carlos Lamarca


Carlos Lamarca, líder revolucionário e militar desertor, foi morto no interior da Bahia, por uma operação nomeada de Pajussara. Em um cerco que impossibilitou qualquer forma de reação da vítima, que se encontrava desnutrida, cansada e deitada adormecida, estava acompanhado pelo revolucionário José Campos Barreto. Ambos foram alvejados tanto pela frente como pelas costas, Lamarca levou sete tiros por agentes da repressão, considerado inimigo da nação após desertar e ingressar na luta armada contra a ditadura, foi caçado por mais de duzentos homens do governo e até mesmo apareceu em documentos trocados entre o governo estadunidense e brasileiro.

A relevância de Lamarca foi demarcada pelo seu protagonismo em lutas armadas, atuou diretamente em guerrilhas contra a ditadura, buscando direitos e liberdades a presos políticos. Ele nasceu no Rio de Janeiro em 1937, ingressando na Academia Militar das Agulhas Negras aos 32 anos. Em 1962 foi selecionado pelo Exército e enviado para Gaza, na Palestina, em uma missão de paz organizada pela ONU, segundo sua biografia lá teria os primeiros contatos com ideias socialistas. Retornou ao país depois de um ano para a Companhia de Polícia do Exército, em Porto Alegre (RS).

Em 1964, quando ocorreu o golpe, não manifestou resistência, mas demonstrou apoio ao Partido Comunista Brasileiro, fazendo com que ele fosse monitorado pela segurança governamental, que o identificava como simpatizante de teorias comunistas. Documentos do governo de dezembro de 1964, apontam que Lamarca teria permitido a fuga do capitão da Aeronáutica, Alfredo Ribeiro Daudt, que estava sob guarda no batalhão da polícia do exército, em Porto Alegre. É nesse período que Lamarca começa a ter mais contato com grupos que se opunham à ditadura militar e passa a atuar, dentro do Exército, na formação de grupos de esquerda. Um tempo depois, sendo capitão, se une ao que se tornaria Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) em 1968. No fim deste ano, teve contato com o guerrilheiro Carlos Marighella, cofundador do grupo Ação Libertadora Nacional (ALN), que o orientou a levar sua família para Cuba.

Quando se torna líder da VPR, em janeiro do ano seguinte, deserta oficialmente do exército acompanhado de alguns membros e em uma Kombi, após alguns confrontos, consegue roubar fuzis, metralhadoras e munições. Depois lidera uma série de pequenas revoltas pelo país, a mais relevante delas foi o sequestro do embaixador Giovanni Bucher, em 1970, que gerou a libertação de uma série de presos políticos. Ao mesmo tempo se torna ainda mais cotado nas caças dos agentes militares, especialmente após o assassinato de Carlos Marighela. Após esse evento, Lamarca deixou a VPE para ingressar no MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), um movimento liderado por Iara, sua futura companheira. Com isso, fugiu para a Bahia, devido estar sendo ainda mais cercado pelos militares.

Lamarca, no interior da Bahia, foi morto pela operação que contava com militares do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de policiais civis e militares. Em 1971 essa Operação Pajussara é fortemente organizada em uma só função, caçar Lamarca e José Campos Barreto, conhecido Zequinha. Esse comando percorreu cerca de 300 Km pela caatinga para encontrar as vítimas, que depois de mortas, tiveram seus corpos pendurados, expostos na cidade vizinha, chutados e fotografados pelos militares, seu corpo junto com de Zequinha, foram colocados em um helicóptero e levados para a capital, Salvador, onde foram sepultados, no Cemitério do Campo Santo.


Escrito por Nicolle Guimaraes, estudante de História.

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