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Foto do escritorMemória e Ditadura nas escolas do DF

Continuidades das resistências indígenas

Atualizado: 10 de nov. de 2021

É fundamental compreender como os indígenas resistiram e resistem ao genocídio no decorrer do tempo, e o protagonismo desses povos perante a isso, pois o genocídio indígena assim como a resistências indígenas é algo presente no país desde a invasão e é uma violência sustentada pela estrutura econômica capitalista.

A violência aos povos indígenas não é uma particularidade da ditadura militar, ela pode ser sentida ainda hoje de diversas formas, econômica, social e política de forma muito brutal e principalmente no cenário atual em que o genocídio está cada vez mais presente, mas essa repressão tem características particulares do contexto da ditadura militar. E as lutas indígenas e as formas de ataque a diversos povos foram profundamente silenciadas. É importante frisar que a resistência perante o genocídio sempre existiu, não existiu uma passividade de aceitar submissões e violências. Houve diversos protagonismos de lideranças indígenas que foram silenciados.



(imagem: https://outraspalavras.net/terraeantropoceno/as-cinzas-funerais-e-a-resistencia-indigena/)


Um líder emblemático de resistência foi o Pagé Maiká que resistiu às violências severas para o povo Aimiri Watroari da região do Rio Urubu, que teve sua aldeia atropelada pela BR-174, e ainda assim pagé Maiká fez com que a construção da estrada fosse parada por dois anos entre os anos de 1968 e 1971. Foi liderança Waimiri que resistiu fervorosamente reconstruindo sua aldeia. Ele sempre recuava com seu povo seguindo o traçado da estrada, afluente da margem esquerda do Alalaú. E Maiká morreu por volta de 1972



(imagem: https://amazoniareal.com.br/o-genocidio-dos-waimiri-atroari-um-possivel-reconhecimento-historico/)


Durante a ditadura militar (1964-1985) a violência aos povos indígenas foi extremamente profunda e teve algumas particularidades com perseguições para beneficio do agronegócio, e com o Ai5 elas se tornaram mais severas ainda, e muitas mortes não foram contabilizadas, então provavelmente é um número bem maior do que está na Comissão Nacional da Verdade. (CNV, 2014) o regime tentava incriminar os povos indígenas de diversas formas com argumentos de embriaguez, e uma das formas absurdas de acusação foi também a distribuição de panfletos pelo exército sobre o território do povo Waimiri-Atroari que sugeriam que havia guerrilheiros infiltrados entre os indígenas.



(Panfleto distribuído pelo exército sugerindo a existência de guerrilheiros entre os Waimiri-Atroari)

O crescimento desordenado do agronegócio que causa diretamente mortes das populações indígenas continua criando espaço cada vez mais na nossa conjuntura atual com projeto de leis que visam destruir a terra, e perseguir indígenas com os conflitos no campo com garimpeiros e fazendeiros.

Neste ano (2021) passamos por uma das maiores mobilizações indígenas de luta e resistência com a PL 490 que cria o marco temporal, que é um projeto de lei que legitima e viabilizam os ataques de genocídio as populações indígenas abrindo espaço para explorações e desastres ambientais com garimpo, e proibindo a ampliação de reservas ambientais com permanência de forças armadas em territórios indígenas. Milhares de indígenas fervorosamente resistiram e lutaram para o marco temporal não entrar em vigor com uma das maiores mobilizações de povos indígenas da história do nosso país, com mobilizações de movimentos indígenas de diversas regiões como a 2° marcha das mulheres indígenas, um movimento de mulheres indígenas que organizaram uma grande mobilização resistindo e protestando contra o marco temporal e pela luta de seus direito no mês de setembro de 2021.



(2° marcha das mulheres indígenas em Brasília, Setembro de 2021).


Referências Bibliográficas

BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório. Volume II. Violações de direitos humanos dos povos indígenas. Brasília: CNV, 2014. Disponível em < http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/>

VALENTE, Rubens. . Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. 518p.




Gabrielle Pereira da Conceição, estudante de História

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