Falar e discutir Ditadura Militar é um processo político e social que deve estar presente não só nos ambientes de educação, mas em todos os nichos sociais para juntos compreendermos as dificuldades enfrentadas no período. Conquanto, se torna importante também relembrar de imagens e identidades transformadoras neste momento que foram essenciais para a construção da resistência na Ditadura no Brasil e que reforçam a ideia de memória desses grandes revolucionários.
Olga Benário, militante comunista do Partido Comunista Brasileiro (PCB) representa uma das grandes figuras jovens de resistência. Entretanto, são poucos os documentos que fazem analises da sua vida, e quando se tem, muitas vezes são superficiais e restringe-se apenas a sua breve militância ao seu casamento com Luiz Carlos Prestes e o sofrimento passado nos campos de concentração nazistas. No entanto, a alemã Olga Benário teve um curso de vida muito atuante nos partidos comunistas antes mesmo de se instalar no Brasil, teve intensa participação política em países europeus como França e Inglaterra, nos quais ela foi detida por curtos períodos.
A militância da revolucionária contou com formação militar na Rússia, estudos sobre as teorias marxistas-leninista e, por conseguinte regressar ao Brasil em 1934 para cuidar da segurança de Luiz Carlos Prestes. Com isso, o papel na atuação política no Brasil foi se tornando cada vez mais glorioso, já que devido a Prestes não poder deliberar questões diretamente, Olga teve o importante papel de facilitar o contato com Prestes sem que o mesmo fosse localizado pelos agentes policiais. No entanto, quando a militante atua nessa função ela não interferia diretamente em discussões e nem em decisões.
Olga sempre foi reconhecida nos países como subversiva por lutar contra levantes antifascistas, inclusive, chegou a ser presa e posteriormente expulsa do Brasil grávida pelo presidente Getúlio Vargas para a Alemanha nazista, mesmo passando por processos de habeas corpus, nunca a foi concedido nenhum, mesmo estando grávida, as justificativas do governo eram que a militante era uma “perigosa comunista”.
Na fonte a seguir, é possível ver as informações de um jornal da época que retratou a extradição de Olga Benário e outras comunistas revolucionárias do Brasil, pois a julgavam como “agitadoras comunistas” que representavam perigo e que além disso, tinha se casado com um dos comunistas brasileiros que fora uma ameaça ao governo, Luiz Carlos Prestes.
Desde a movimentação realizada para a expulsão das prisioneiras no Brasil e que repercutiu na mídia exterior também, a Alemanha nazista sofreu forte repressões de países pedindo justificativa do que aconteceria após a desembarcação em território alemão. Nesse momento, é possível perceber de forma mais clara as ascensões de campanhas anti-fascistas pela França, Inglaterra e Estados Unidos.
Com isso, considero pertinente compreender a sua relação com a Ditadura Militar no Brasil, de antemão, ressaltando as diversas problemáticas, perseguições, ausência de acesso a informação e censura ocorridas no período, é fundamental dissertar sobre identidades que marcam a resistência no Brasil e no mundo contra processos tão violentos como os ocorridos na Ditadura, onde a luta contra o fascismo se torna elemento essencial para o combate da mesma. Olga Benário, reconhecida como resistência ao autoritarismo fascista, que teve êxito na luta revolucionária e que se tornou adepta a concepção de democracia e Estado.
É notório ressaltar sobre as questões de censura e repressão ocorridos na Ditadura Varguista contra a fantasiosa ideia de ameaça comunista no Brasil. Claramente, o Estado Novo teve fortalecimento através de ideologias de boatos da força comunista. Muitos comunistas brasileiros, como Luiz Carlos Prestes buscou retratar o descontentamento e a oposição contra o governo que se tornava omisso às necessidades locais, e ademais, recrutar também outros comunistas para lutar contra essas disparidades. Nesse contexto, de repressão, ao controle de acesso a informação com a criação da DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) que cabia tarefas exclusivas de cuidar da comunicação dos órgãos do governo, demonstra a necessidade de exaltação de figuras de resistência dentro desses contextos de punição e violência.
No entanto, nota-se como identidades de resistência e empoderamento são necessários para além de retomar as realidades enfrentadas em período de censura e violência também demonstrar e inspirar a indivíduos lutarem contra regimes fascistas e a favor da democracia, ressaltando sempre a importância popular desses movimentos, da permanência nos movimentos sociais que lutam para a destruição de elementos de supremacia. Com isso, Olga Benário marca um legado no Brasil de resistência, mesmo não sendo brasileira, a alemã teve um papel precursor nas lutas sociais no país e que posteriormente serve de inspirações para outros que lutaram contra as injustiças, a censura e a repressão que colocam em risco as democracias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
MORAES, Fernando. Olga.São Paulo, Alfa-Ômega, 1985.
PRESTES, Anita Leocadia. Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo.São Paulo, Boitempo, 2017.
LEITE, Edgar. Luiz Carlos Prestes e Nosso Acerto com a História. In Cultura Vozes. Petrópolis: nº 2. Março-Abril, 1998.
Escrito por Luiza Ferreira, estudante de História.
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