O Movimento Estudantil foi um dos principais protagonistas da luta contra o regime militar no Brasil. Pelo seu papel de grande destaque, passou a ser perseguido pelos agentes da repressão. Desse modo, reivindicações educacionais e manifestações de protesto político contra o governo militar foram as principais bandeiras de luta do movimento na segunda metade da década de 1960. A morte do estudante Edson Luís foi o grande estopim da passeata dos 100 mil. O estudante foi morto durante uma manifestação contra a alta do preço da comida no restaurante estudantil Calabouço. O ocorrido foi o primeiro acontecimento que sensibilizou a população com a luta estudantil e contra a ditadura militar.
O movimento estudantil seguiu com as mobilizações, e em junho as manifestações se intensificaram. A passeata ocorreu no dia 26 de junho de 1968, pelas ruas da Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, lugar onde também o corpo do estudante foi velado. A manifestação foi organizada pelo movimento estudantil e contou com a participação de militantes, estudantes secundaristas e universitários, artistas, intelectuais, religiosos e até políticos contrários ao regime.
A passeata foi liderada pelo líder estudantil Vladimir Palmeira e teve início às 14 horas, com aproximadamente 50 mil pessoas presentes. Cerca de uma hora depois, esse número havia dobrado, chegando aos 100 mil manifestantes, ficando conhecida como “Passeata dos 100 mil”. Com uma enorme faixa à frente, onde se lia “Abaixo a Ditadura. O Povo no poder” a passeata durou três horas, encerrando-se em frente à Assembléia Legislativa, sem confrontos com a polícia que acompanhou o protesto durante o seu percurso.
Após a manifestação, as reivindicações da passeata foram levadas pelos representantes ao então general presidente Costa e Silva, entre elas: a libertação dos estudantes e trabalhadores presos, reabertura do restaurante do Calabouço, fim da censura, da repressão policial e a volta das liberdades democráticas. O ditador não aceitou nenhuma das reivindicações e outra passeata foi realizada uma semana depois, reunindo 50 mil pessoas. Depois disso, vários movimentos continuaram acontecendo, havendo uma repressão bastante significativa que levou diversos estudantes à morte. Durante a época, à medida em que aumentavam as mobilizações contra a ditadura, a repressão militar também crescia. Apesar disso, a passeata dos 100 mil tornou-se um marco da história do país como uma das mais expressivas manifestações populares da história da República do Brasil.
Fontes:
BUONICORE, Augusto. “100 mil contra a ditadura”. Fundação Maurício Grabois, 2018. Disponível em: <https://grabois.org.br/2018/06/22/100-mil-contra-a-ditadura/> Acesso em: 20 de junho de 2022.
SILVA, Débora. “Passeata dos cem mil”. Estudo Prático, 2014. Disponível em: <https://www.estudopratico.com.br/passeata-dos-cem-mil/> Acesso em: 20 de junho de 2022.
Imagem da capa: José Inácio Parente em Núcleo de Memória - PUC Rio
Escrito por Evelyn Gonçalves, estudante de História.
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