Em junho de 1970, especificamente no dia 21, a seleção brasileira venceu a copa do mundo no México, tornando-se o primeiro time a ter um tricampeonato mundial de futebol. Uma vitória significativa para o esporte, mas também para a ditadura, já que tal evento proporcionou campanhas políticas que abafaram as violências promovidas pelo estado e serviu como instrumento de estímulo ao patriotismo.
O time que reunia figuras como Pelé, Gerson, Jairzinho e Rivelino, teve relações diretas com o estado, militares compunham a equipe técnica que foram para o México para acompanhar o time em busca do título e mantendo o presidente informado sobre o dia a dia dos jogadores. Um evento que torna o futebol uma marca universal brasileira foi também um importante instrumento político, nesse momento futebol e política andavam em conjunto.
Muito da campanha política em torno desse momento se deu pelo aproveitamento do evento e que seria a primeira vez que o Brasil teria acesso televisionado ao vivo. A população poderia então vibrar em conjunto com as vitórias do time brasileiro. Isso fez com que a seleção proporcionasse um clima contagiante, fazendo o país se mover em conjunto, temas musicais e campanhas políticas celebravam a união nacional para o apoio do futebol. E é daí que um dos slogans mais famosos da ditadura toma repercussão, a marcha “para frente brasil” toma conta das publicidades.
Então, mesmo o Brasil vivendo um dos momentos mais difíceis de sua História, ainda assim os slogans, músicas e filmes promoviam o orgulho nacional e excessivo patriotismo. Dessa forma se torna perceptível como o futebol foi usado como uma jogada política para uma “unificação nacional”, liderada pelo general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), que além de promover essa campanha, iniciou em 1971, o Campeonato Brasileiro com times do país. Médici apropriou-se da narrativa popular do futebol para encobrir os avanços de estruturas que lutavam pelo retorno da democracia no país, principalmente para conter movimentos com uma série de ações violentas.
Há 52 anos, o Brasil venceu a Itália de goleado por 4 a 1, aos 42 minutos do segundo tempo Carlos Alberto, capitão do time, marcou o quarto e último gol da seleção, conquistando a terceira copa mundial e ao retornar ao país se torna uma das principais vitórias do governo. O time é recebido com festas por milhares de brasileiros, mas tal euforia, com até mesmo o governo decretando feriado nacional, escondia a fase mais repressiva da Ditadura Militar.
Fontes:
DA CRUZ FILHO, Christovão. A relação do Regime Militar com a seleção brasileira de futebol nas copas do mundo de 1970 e 1974. Tese (mestrado em História) - Universidade Salgado de Oliveira. Rio de Janeiro, p.134. 2018
Tricampeonato mundial e a ditadura militar. Explicamais, 2018. Disponível em: https://www.explicamais.com.br/tricampeonato-mundial-e-a-ditadura-militar/. Acesso em 19, de junho de 2022
PIRES, Breiller. A seleção que ‘presenteou’ a ditadura com uma taça. El país, 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/esportes/2020-06-07/a-selecao-que-presenteou-a-ditadura-com-uma-taca.html. Acesso em 19, de junho de 2022
Escrito por Nicolle Guimaraes, estudante de História.
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